Que saudade do inverno... do frio... da geada...da chuva que cai de mansinho... das tardes de bolinho de chuva e jogo de cartas... Lareira...
Noite de geada
A lua cheia e prateada
Cobre o campo que se expande
Na noite que é bem gelada
Prenúncio de geada grande
Nem mesmo um pio corujento
Se ouve nesta invernia
Êta julho friolento
Que até a alma se arrepia
Me enrolo no bichará
Sentado ao pé do braseiro
Entregue ao “Deus dará”
Só um baio por parceiro
Meu catre frio lá no canto
Não me encoraja a deitar
Por mim, fico aqui no banco
Até o dia clarear
Atiço o fogo de chão
Pra “mode” de não morrer
Enquanto cá no galpão
Pelas frinchas posso ver
O belo clarão da lua
Que alumia as invernadas
Enquanto a pampa nua
Vai se cobrindo de geada
A noite é linda por certo
De inspirar os cantores
Mas pra quem anda liberto
De paixões e de amores
A beleza do momento
Não me aquece o coração
Pois o frio brota de dentro
Do medo da solidão
Nessas noites de inverno
Tenho ganas de ausência
Pois sinto perder o cerne
Nos julhos desta querência
Se não fosse este apego
Que se tem dentro da gente
Tinha me alçado mais cedo
Pra outro pago mais quente
Mas quem vive na campanha
E tem a lida por sina
Não adianta fazer manha
Porque a vida lhe arrocina
Por isso já me imagino
Amanhã quebrando geada
No reponte do destino
Pechando boi na invernada
Julio Saldanha
Vitor Ramil conseguiu definir o frio como algo que identifica e diferencia o povo gaúcho dos outros povos e mesmo do povo do país em que está inserido.
O frio é nossa identidade, nossa face!
Há melhor maneira de representar o que me faz sentir tão bem em dias assim?
Julio Saldanha
Vitor Ramil conseguiu definir o frio como algo que identifica e diferencia o povo gaúcho dos outros povos e mesmo do povo do país em que está inserido.
O frio é nossa identidade, nossa face!
Há melhor maneira de representar o que me faz sentir tão bem em dias assim?
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